Mia Couto sempre foi um dos meus escritores favoritos pelo facto de inventar palavras nos livros que escreve. Esta sua obra de 2006, O Outro Pé da Sereia, é capaz de ser uma das suas melhores produções escritas. A trama é interessante, as personagens são únicas e as frases utilizadas pelo autor são suberbas. Este livro segue a mesma estrutura de Terra Sonâmbula, outra obra de Mia Couto, sendo contada uma narrativa principal interpelada por páginas de diário. Neste caso o diário de bordo é sobre uma nau portuguesa de 1560, cuja história estranhamente se liga á narrativa contada em Dezembro de 2002. A história ronda á volta de uma estátua da Virgem que terá sido encontrada sem um dos pés, num rio, em África. Os seus descobridores, Mwadia e Zero Madzero rapidamente querem levar a estátua para Vila Longe, e colocá-la numa igreja. Lendo os artigos do diário de bordo de 1560, o leitor descobre que a estátua tinha sido originalmente, levada a bordo nessa embarcação, onde perdera o seu pé. A revelação sobre a estátua é uma fantástica surpresa que apenas se descobre no fim desta fantástica obra literária. Apesar de todos estes pontos positivos, o livro apresenta uma estrutura mais "maçuda" do que Mia Couto está habituado a utilizar, o que leva a obra a perder alguns pontos. Overall, é um livro que aconselho não só a quem gosta de Mia Couto mas quem quer saber mais sobre a realidade de África.
AVALIAÇÃO: 16 em 20
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